segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O crime do Padre Amaro de Eça de Queirós



Desejos proibidos

O crime do padre Amaro é o primeiro grande romance de Eça de Queirós de uma série de três obras, em que o autor pretendeu montar um painel realista da sociedade portuguesa do seu tempo. Este mesmo livro foi escrito em três versões, sendo esta a definitiva.
José Maria Eça de Queirós foi responsável pela melhor prosa de todo realismo português. Sua obra foi dividida em três fases: a primeira que corresponde aos primeiros textos, publicados em forma de folhetins; a terceira fase que é chamada de pós- realista e a segunda é a fase realista, que começa com a publicação de “O crime do padre Amaro”.
A sua obra – O crime do padre Amaro- foi escrita em 1878, e reflete os ideais realistas e analisa a corrupção e a depravação dos costumes a partir de um caso amoroso entre o padre Amaro e Amélia, uma moça solteira da Leiria que acreditava piamente nos padres.
Amaro Vieira nasceu em Lisboa na casa de uma marquesa. Seu pai era criado do marques; sua mãe era criada de quarto. O pai morrera e em seguida a mãe, ficando Amaro aos cuidados da marquesa.
A marquesa veio a falecer deixando no testamento um legado para que Amaro entrasse aos 15 anos no seminário e se ordenasse padre. Antes de ir para o seminário, Amaro ainda fora para a casa de seu tio que se aproveitou da sua estadia e fazia com que trabalhasse muito, deixando-o desejar por demais o seminário para libertar-se daquela vida.
Amélia moça solteira morava com a mãe em Leria e com uma criada. Era moça simples, tinha 22 anos e gostava muito da igreja.
Após dois meses da morte do pároco José Miguéis, foi nomeado Amaro para ocupar seu lugar na paróquia de Leiria. E este foi hospedar-se na casa de D. Joaneira mãe de Amélia.
Desde o primeiro momento em que se viram começa a existir uma atração entre os dois; ela pelo respeito que tinha aos padres e ele instinto se homem que não amortecera com a vida sacerdotal.
Por encontrarem-se sempre, essa paixão crescia cada vez mais. O desejo tomava conta dos seus corpos, que através de olhares não disfarçava um ao outro.
Um dia ao encontrarem-se na entrada que dava para a fazenda de Amélia, Amaro não conteve-se e deu-lhe um beijo no pescoço. Amélia desprendeu-se, e ficou diante dele e em seguida correu. Amaro ficou atarantado e seguiu-a.
Estava há muito enamorada do padre Amaro. Ele também sentia a mesma coisa por ela, mais quis mudar-se da sua casa para resistir à paixão.
Em um desses encontros inesperados, num dia de muita chuva, Amaro pede que Amélia entre na sua nova casa para abrigar-se e diante um do outro não resistiram à paixão entregando-se ardentemente aos desejos proibidos da carne.
Logo Amaro buscou uma forma de se encontrarem a sós, longe de quaisquer suspeitas. Amélia iria todas as semanas na casa do sineiro, com o pretexto de dar educação a sua filha paralítica. Assim, podiam encontrar-se sempre para gozarem dos desejos que invadiam seus corpos. E a cada dia Amaro desejava mais Amélia de um desejo tirânico que as horas escassas não satisfaziam.
Amélia acabou engravidando e romance foi descoberto pelo Cônego Dias, que não pode fazer nada, pois também vivia uma vida libertina de sacrilégios com a mãe de Amélia.
Por causa desta gravidez e para não serem descobertos procuraram várias maneiras de resolverem a situação. Até de casarem Amélia com seu antigo namorado, João Eduardo.
Todas as tentativas foram frustradas, só restando, ter Amélia que ir para a Riçosa fingir cuidar de D. Josefa –irmã do cônego- tendo que contar também com sua cumplicidade, enquanto sua mãe viajava com o cônego e Amaro ficaria em Leiria.
A pobre Amélia amaldiçoava a sua vida naquele casarão, julgando Amaro não importar-se com ela. Após longas semanas Amaro foi visitá-la, logo sendo repudiado, marcando assim o inicio do fim daquele amor proibido na sua totalidade.
Chega às vésperas do parto. Amélia tem um menino e este foi entregue ao pai que ao senti-lo no seu peito faz desmoronar todas as idéias que tinha a respeito do que fazer com ele. Mas acaba sem saída e o entrega a tecedeira, agora para que ela criasse a criança.
O silêncio que fazia na casa que Amélia estava, o aterrava. Já cansado, volta para a cidade. Amélia morre por não resistir ao parto findando assim aquele romance. Amaro logo quis sair de Leiria.
Apesar de Amaro não cometer o crime, o titulo permanece, mostrando-nos que o conceito de crime se desloca, passando do nível individual para o social tentando assim explicar o problema.
Esta foi uma das análises mais devastadoras do clero da sociedade de Portugal, onde um padre carrega o peso de duas mortes.
O romance é marcado pela realidade hipócrita que assolava a vida de homens que para a sociedade decidiram-se pelo celibato e, no entanto traiam os votos divinos que fizeram, cometendo atrocidades em casos amorosos com mulheres que se intitulavam beatas

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