quinta-feira, 16 de julho de 2009

MEMORIAL


É meio complicado lembrar de tantos anos atrás, mas vou tentar me transportar para aquele mundo onde tudo era fantasia. Onde cheirava a mato verde, café torrado batido no pilão, onde toda hora era de brincar e muitas vezes de escolinha. Aí já me via como pró. Brincando ensinava e aprendia.
É, eu morava no interior da cidade, numa localidade chamada Canavieiras com minha mãe, meu pai e irmãos. Bem pertinho de meu avô e bisavô, tios, primos e outros parentes. Era uma vida gostosa demais.
Nesse lugar aprendi a fazer as minhas primeiras leituras, tanto de mundo como escolar.
Lembro-me do nome da minha primeira professora. Era Vinvina. Não consigo lembrar, mas sei que ela ajudou-me a aperfeiçoar minha leitura, já que meus pais me incentivavam muito através de gibis e cordéis. O que mesmo assim não me faz lembrar como aprendi a ler. Preferi não perguntar a minha mãe e nem a outras possíveis pessoas que acompanharam minha infância para ser verdadeira com minhas lembranças.
Meus pais sempre almejaram o melhor e só consigo lembrar de muitas revistas em quadrinhos e um título de um cordel “O pavão Misterioso” e dessa fase nada mais.
Comecei estudando nessa localidade e depois fui estudar na cidade. Lembro-me que eu tinha pavor a verbos. Cada aula sobre esse assunto era um terror. Minha professora não conseguia me fazer compreender e tampouco me fazer aprender estudar o danado. Foi um martírio. Com o passar dos anos fui superando aos poucos esse pequeno trauma.
Depois de tudo descobri que não era tão mal em língua portuguesa. E sim, em matemática. Que horror! Prefiro nem comentar. Dava-me bem em todas, menos em M... É ,esta sim, me deixou com traumas.
Posso agora lembrar-me das aulas de história e geografia que eu adorava. Educação física, nossa! Ciências, artes, Educação religiosa, etc., etc... Como sinto saudades! De português lembro-me que não era a melhor das escritoras, mas dava para o gasto. Admirava muito todas as professoras de português, pois as tinha como seres superiores. Dotadas de um conhecimento admirável. E eu jamais iria consegui saber um pouquinho daquilo tudo. Verdade. Hoje só sei um pouquinho! Então tentava acertar ao máximo. E sempre me preocupava em não escrever ortograficamente “errado”.
Lembro-me da Professora Analúcia na 8ª série sofrendo para nos ensinar objeto direto e indireto. Tentava e nada. Que coisa difícil esses objetos não identificados. (Risos). Não identificados para nós alunos. Pois para a professora Analúcia. Aquele ser tão sábio. Era só mais um assunto. Ler mesmo nesta fase só revistas de gatos da tv. Era mais foto que texto. E um ou outro texto dos livros didáticos.
E assim fui para o primeiro ano do segundo grau ainda sem saber muita coisa. Não era culpa dos professores. E nem minha. Era do português. Aquela “disciplina dos sábios”. Então nessa série éramos o que restava de uma turma de quarenta e quatro alunos: 12 garotas. Faríamos magistério. Meninos, nem pensar.
Assim um dia aquela criatura admirável. _Oh gente, estou falando da professora de português. Teve uma inspiração divina. Não, acho que não foi tão divina assim. Ou foi? Já explico.
Lembram-se do objeto direto e indireto? Pois é. Olha ele novamente na série seguinte. Parece até perseguição. Se não aprendi lá, como aprender cá?
Então, naquela aula chata. Numa turma só de mulheres. Ela. Aquela pessoa fascinante, teve um insight:
_ Queridas alunas, sei que estão com dificuldades de entender o assunto. Então vou fazer uma comparação para nunca mais esquecerem.
Aquela era a minha chance. Agora ou nunca.
_Então diga professora.
_ Bem. Pensem numa transa sem camisinha ou com camisinha.
_HÃ? Todas nós em coro perguntamos:
_ Como? Imaginem um monte de garotas novinhas, por volta do ano 99. Que susto ouvir aquilo.
Ela. Magnânima. Com certeza sabia o que estava dizendo.
_Objeto direto: transa sem camisinha. Não precisa de complemento. Objeto indireto: transa com camisinha. Precisa de complemento.
Daí eu e minhas colegas entendemos o exemplo. Mas não o porquê do exemplo!
Esta foi umas das professoras que muito me incentivou como leitora e como pessoa.
Li vários livros literários, mas não minto não lembro muito.
Já na faculdade cheguei cheia de expectativas e me decepcionei, pois achava que iria aperfeiçoar o que havia começado a aprender. E não saber muito além. Foi muito difícil no começo. Gostei muito do livro amor de Perdição de Camilo Castelo Branco, literatura portuguesa, e Preconceito Lingüístico de Marcos Bagno. Sair com muitas dúvidas e inquietações que estão sendo superadas a cada passo com a prática diária.
Considero-me uma leitora regular. Não leio além das expectativas. Apesar de ser atenciosa com letreiros, murais, emails, leio livros da espiritualidade católica e franciscana, leio a Bíblia, mas outras leituras não são tantas assim. Tenho conseguido superar isso. O Programa gestar está me ajudando com certeza.

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